Até 29 de Janeiro | De 4ª a Sábado às 21h00 | Domingo às 16h00
A Missa do Galo segue livremente a estrutura dramática e litúrgica duma missa católica romana. Inspira-se nas velhas Missas do Galo transmontanas com desgarradas assentes em motes do Evangelho, acompanhadas à concertina, aqui substituídas por canções. O galo desta missa é o Homem que ascendeu ao poleiro da ciência e da tecnologia e que, perante o espelho da sua admirável prosperidade, tem um assomo de melancolia ao perceber que, apesar de ter tudo, continua a padecer da inveja, da mesquinhez e da ganância. A missa recorre à metáfora central duma barca que atravessa a História num roteiro de factos e alertas contra os perigos da repetição e do esquecimento. Nesse percurso eucarístico, com vista à redenção e ao perdão, o galo tropeça num paradoxo: o conhecimento concedeu-lhe o livre-arbítrio que lhe permitiu emancipar-se do velho pai castigador, mas, ao mesmo tempo, depositou-lhe na alma uma momentânea nostalgia do tempo em que o Pai ralhava com ele pelos erros cometidos. Vê-se assim confrontado com o preço da liberdade: solidão da responsabilidade. A missa é o espaço introspectivo que disseca a melancolia proveniente dessa responsabilidade – que ele combate com o consumo enquanto modo de vida, e cujo corolário é o primado da tecnocracia sobre tudo e a ameaça de esgotamento de recursos do planeta. O processo assenta numa espécie de monólogo shakespereano no qual o galo é visitado pelos seus fantasmas interiores, juízes da consciência que o vêm julgar por ter substituído o Humanismo dos últimos cinco séculos pelo neo-liberalismo dos últimos trinta anos, onde as pessoas são apenas números e estatísticas. O veredicto é ser transformado em arroz de cabidela, num sacrifício votivo e solsticial.
Autoria:
Carlos Tê e Manuel Paulo
Encenação:
Luisa Pinto
Cenografia:
João Mendes Ribeiro
Desenho de luz:
Bruno Santos
Interpretação:
António Durães, Flora Miranda, Isabel Carvalho, João Miguel Mota e Rui David
Músicos:
André Hollanda (bateria/toy piano), Marco Nunes (guitarra), Miguel Ramos (baixo) e Pedro Vidal (guitarra/pedal steel/banjo)
Largo da Trindade, 7-A
1200-466 Lisboa
Tel: 213 423 200
Fax: 213 225 739
E-mail: teatro.trindade@inatel.pt
Como chegar:
metro » baixa-chiado
autocarros » 58 . 202 . 790
eléctrico » 28
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